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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Quando estivemos na Argentina pela primeira vez, cursando o primeiro módulo do Mestrado, em julho do presente ano (já próximo do fim), tive a ideia de escrever um Diário de Bordo contando minha visão acerca das experiências que estávamos vivendo. O surgimento deste blog é a oportunidade de disponibilizar o Diário não apenas para os colegas que não tiveram acesso a ele, mas também aos novos colegas, para terem uma noção do que os aguarda.

Irei postando aos poucos, até o dia da nossa viagem em Janeiro. Não deixem de acompanhar!

***

Diário de Bordo – Missão Mestrado – Buenos Aires, Argentina – Data Estelar 01027051/1.1

Saímos de Vitória às 4:30 da tarde da quarta-feira. Pontualmente. A jornada começava bem. O santo nem desconfiou da esmola, afinal, tudo está bem quando está bem. Embarque tranquilo, aterrissagem igualmente tranquila. No Aeroporto de Guarulhos decidimos comer antes de fazer qualquer outra coisa, já que estávamos, a maioria, famintos. Algumas dezenas de minutos a mais, algumas dezenas de reais a menos, decidimos checar qual era o portão de embarque. De repente, percebemos haver algo de errado com a fila.

Começamos a andar em direção do que achamos ser o fim da fila. Qual não foi a nossa surpresa quando descobrimos que teríamos que voltar de onde viéramos, pois, alguns metros mais atrás do ponto onde começamos a procurar pela fila era exatamente onde ela terminava. Eu perdi a conta de quanto tempo tivemos que esperar de pé, andando a passos de formiga de tempos em tempos. Minha mochila, contendo notebook, máquina fotográfica, livros, uma muda de roupa, revistas e um caderno deve ter saído de Vitória pesando uns 4Kg; a essa altura, já pesava bem uns 17Kg. Acredito que devam ter sido umas boas duas horas até finalmente chegarmos ao simpático segurança que lá estava para conferir as nossas passagens. Leitor de código de barras, ótimo, podemos passar. Ao virar a parede, o susto e a decepção. O martírio iria continuar ainda por sabia Deus quanto tempo.

Acontece que aquela quantidade de pessoas que se encontravam naquela imensidão de fila provavelmente eram pessoas aproveitando as férias de julho para viajar – ao menos, essa me parece a única explicação plausível. Depois da parede vinha a fila para passar pela Polícia Federal. Era engraçado ficar reparando a expressão de desespero no rosto das pessoas quando davam a volta por aquele muro de Berlim. E era bem o que parecia: havíamos saído de um lugar onde comíamos hambúrgueres com batatas fritas e tomávamos uma deliciosa cerveja (pagando-se o devido – alto – preço, é claro) para, logo depois de atravessar um muro, sermos tratados como animais, sem um pingo de consideração.

A fila para a Polícia Federal, com aquelas fitas de separação típicas dos aeroportos (essa fazia propaganda do Banco Itaú) era como um grande caracol de quadrilhas de festas juninas, ia e vinha, contornando várias vezes. Uma vez dentro da fila, era inevitável a sensação de estar rumando para o abatedouro, daí o sentimento de estar sendo tratado como um animal. Não que eu pense que os animais devessem realmente ser tratados assim; é apenas uma constatação. Constatação compartilhada com a tia que estava logo à minha frente, simpática e indignada professora da USP, rumando para um congresso sobre alimentos em Dallas.

Ficamos sei lá mais quanto tempo ali. Chegou um ponto em que a vontade era abandonar o corpo à própria sorte e fugir com o espírito dali, em desdobramento astral ou coisa que o valha. Passada a Polícia Federal, pronto, estamos dentro do avião. Próximo passo seria esperar os 20 passageiros que ainda estavam lá no corredor do abatedouro. Um passageiro não apareceu e tiveram que retirar sua bagagem do avião, o que nos tomou ainda mais alguns minutos. Por fim, decolamos às 11:15 da noite, num vôo programado para partir às 9:30. Consequentemente, chegamos em Buenos Aires à 1:45 quando deveríamos ter chegado à meia noite. Para nossa alegria ser completa, mais uma fila, da Polícia Federal local.

Não houve disposição nem para passar no free shop argentino. Terá que ficar para a volta. Rumamos para o taxi com o objetivo de chegar o mais rápido ao hotel, que fica a 30Km do aeroporto. Ver a tia Mara se comunicando em portuñol foi um espetáculo à parte. O mais memorável foi quando, ao decidir quem ocuparia que lugar dentro do carro, ela soltou: “Eu vou na friente”.

Chegamos ao hotel em um estado deplorável. Como zumbis. Tomamos banho e dormimos e foi só.

2 comentários:

  1. Muito bom, a primeira viagem do mestrado foi realmente legal e, da forma que foi narrado por você torna-se ainda mais atraente.
    Vamos adiante para a segunda etapa desta caminhada.
    Hasta la vista.

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  2. Excelente narrativa. vou acompanhar de pertinho essa doce e maravilhosa experiência.

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